Projeto Mercado de
Sementes e Restauração: Provendo Serviços Ambientais e Biodiversidade
O Cerrado, originalmente, apresentava uma área superior a 204
milhões de hectares, sendo o segundo maior bioma brasileiro. Hoje, parte desta
área já foi totalmente degradada, devido a diversos fatores, como, por exemplo,
a expansão da fronteira agrícola, pecuária, incêndios e desmatamento. A
degradação no Cerrado interfere na oferta da água doce, uma vez que as
nascentes dos principais rios se encontram no Cerrado brasileiro.
Considerada uma Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (Oscip), a Rede de Sementes do Cerrado (RSC)
vem dando sua contribuição na conservação do Cerrado. Por meio do método de
plantio denominado Semeadura Direta,
e através do Projeto Mercado de Sementes e Restauração: Provendo Serviços
Ambientais e Biodiversidade, financiado pelo CEPF (Critical Ecosystem
Partnership Fund), a Organização realiza a restauração das áreas degradadas no
Cerrado.
Semeadura Direta é o nome
dado a técnica de plantio em que as sementes são colocadas diretamente no solo,
também conhecido como “muvuca”. Trata-se de um método utilizado para restaurar
as áreas, de acordo com suas características iniciais, atentando-se para
incluir os estratos herbáceos, arbustivos e arbóreos no plantio.
A Semeadura
Direta tem
várias vantagens tais como: a manutenção da qualidade do solo e das espécies, a
redução de emissão de gases do efeito estufa e da perda de água por evaporação
e o controle da erosão. Além de todos esses benefícios ao meio ambiente, a
semeadura direta tem um custo menor se comparado a outros métodos de plantio, o
que a torna uma ótima técnica de restauração para empresas que necessitam fazer
compensação ambiental.
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Figura 1. Sementes de Capim Brinco-de-princesa (Loudetiopsis chrysothrix ), coletadas pelos coletores de sementes da Associação Cerrado de Pé. Foto: Luana Santa Brigida |
O Projeto tem como principal objetivo atuar nos principais elos da cadeia de produção de sementes
nativas para restauração: os coletores de sementes, os diversos tipos de
compradores de sementes e a interligação entre estes atores. Os moradores da Chapada dos Veadeiros, localizada na região
norte do estado de Goiás, realizam a coleta das sementes nativas do cerrado, organizados
em uma Associação de coletores de Sementes, chamada “Cerrado de Pé”. Essas
sementes, são vendidas pela RSC para empresas que trabalham com restauração.
Além da venda, a RSC faz o acompanhamento técnico do trabalho que vai desde a
coleta, controle das áreas de coleta, gestão de estoque, controle da qualidade
das sementes, até a venda e entrega para o cliente. Ao todo, são vendidas 71
espécies de plantas nativas do Cerrado sendo 14 espécies de ervas, ou
gramíneas, 15 espécies de arbustos e 41 espécies de árvores.
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Figura 2. Coletores de sementes da Associação Cerrado de Pé e equipe da Rede de Sementes do Cerrado em capacitação. |
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"Faço parte do projeto há um ano, como Assessora técnica da cadeia produtiva de sementes na região da Chapada dos Veadeiros, onde são coletadas as sementes nativas para restauração. A cadeia produtiva de sementes e a restauração por Semeadura direta, são importantes para a manutenção do Cerrado, preservando a biodiversidade, valorizando o Cerrado e garantindo geração de renda para cerca de 60 famílias, que coletam sementes na Associação Cerrado de Pé, em 5 municípios, incluindo assentamentos e Território Quilombola Kalunga. Ao longo deste trabalho, já foram restaurados 200 hectares de Cerrado, gerando 300 mil reais de renda para os coletores e coletoras de sementes."
Figura 3. Claudomiro de Almeida Cortes (Presidente da Associação Cerrado de Pé) e Jaqueline Orlando (Técnica da RSC). Foto: Luana Santa Brigida
Para maiores informações
a respeito do Projeto, da Rede de Sementes do Cerrado e Associação de Coletores
de Sementes Cerrado de Pé, acesse os links: