Neste primeiro semestre de 2019, os alunos do quinto ano do curso de graduação em Engenharia Biotecnológica, matriculados na disciplina de Tópicos Especiais, elaboraram e apresentaram um protótipo de produto comercial que teve por desafio abranger no mínimo três de cinco áreas de conhecimento: imunologia, biotecnologia de embriões, matemática aplicada, termodinâmica e ciência dos alimentos. As propostas foram avaliadas por uma banca de cinco professores.Os resultados são relatados abaixo por cada um dos grupos.
BoviTech (grupo que obteve a melhor avaliação dentre os professores da banca)
A proposta dos professores da disciplina de tópicos especiais sugeria que fizéssemos um modelo de negócio ou o desenvolvimento de um produto, inspirado no programa “Shark Tank”. Assim como os investidores do programa, os professores avaliariam o nosso trabalho considerando a inovação, a rentabilidade e nossa postura como possíveis empreendedores.
Nas primeiras discussões em grupo as ideias se limitavam a produtos. Era quase unânime a busca por um produto que solucionasse milagrosamente algum grande problema do mercado. Então, percebemos a importância de partir de um problema para encontrar a solução e não o contrário, como estávamos tentando. Quando começamos discutir problemáticas, chamou-nos à atenção o relato da integrante Bárbara Brunes, que no ano anterior (2018), desempenhou estágio na empresa Santo Rebanho em Goiânia. Bárbara pode constatar através de sua observação em campo e pelo relato dos funcionários da empresa, que vários pontos colocavam em risco a eficácia da reprodução de bovinos. Tendo em vista a importância econômica deste tema, já que o Brasil é o maior produtor mundial de carne bovina, começamos uma busca pelos principais pontos que poderiam afetar o processo. Inicialmente, nos concentramos no processo de produção in vitro de embriões bovinos (PIVE) e por isso, o primeiro ponto crítico determinado pelo grupo foi a nutrição. Deste modo, a ideia inicial baseava-se no desenvolvimento de uma ração bovina que fosse capaz de nutrir e potencializar a fertilidade destes animais. No entanto, durante as pesquisas foram surgindo novos pontos críticos, dispersos em áreas que geralmente não recebem atenção, como o bem-estar e a interação dos animais com o ambiente e com os homens. Este “ponto cego” no motivou a criar a startup BoviTech, para oferecer uma ração de boa qualidade e baixo custo e também, oferecer um serviço de consultoria personalizada. Através de colaborações com as empresas especializadas em PIVE, a BoviTech oferece suporte aos donos de rebanhos, aumentando o sucesso na taxa de transferência de embriões bovinos, reduzindo custos às empresas de reprodução, o estresse aos animais e as perdas dos assessorados, aumentando o lucro para todos.
Os maiores desafios durante os quatro meses de trabalho foram a formulação da ração e a determinação dos serviços que seriam oferecidos na consultoria. Para a formulação, além de muita pesquisa, realizamos uma visita à empresa Mina Mercantil, na cidade de Guaíra. Já os serviços da consultoria, que seria uma visita técnica, seguida da elaboração de um projeto envolvendo os pontos das fazendas que precisasse de adaptações para promover o bem-estar dos animais e dos trabalhadores e treinamento destes trabalhadores, foram baseados nas necessidades de fazendas pontuais. Uma das maiores dificuldades foi estabelecer os valores para estimar os custos e definir o lucro. Primeiro, pela falta de experiência dos integrantes; segundo, pela objeção das empresas em oferecer orçamentos para alunos. Esperávamos inaugurar um novo segmento no mercado de reprodução bovina e a avaliação positiva da banca de professores e a opinião dos profissionais da área, da empresa Santo Rebanho: o veterinário Evaristo Neto, a advogada Helienay e a veterinária e dona da empresa, Kenia, corroboraram as expectativas do grupo.
Além de fortificar a consciência do trabalho em grupo, a disciplina de tópicos especiais nos retirou da zona de conforto. Graças à esta atividade, fomos capazes de resolver um problema que compromete o processo, assim como se espera de um profissional que se graduará em Engenharia Biotecnológica. Além disso, foi de grande valor a aproximação com as empresas e profissionais que já atuam no mercado de trabalho.
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Grupo: Alice de Estefani, André Ferreira, Bárbara Brunes, Carolina Fuzaro, Cíntia Oliveira, Letícia Yurie, Mariana Haddad, Murilo Maciel e Sarah Mendes. |
Lúpus Diário
O grupo propôs a criação de um aplicativo, escrito em linguagem Java para Android, chamado Lúpus Diário. O aplicativo, que teve por objetivo disponibilizar uma plataforma de consulta e registro diário alimentar, medicamentoso e sintomático de um paciente com Lúpus. O desenvolvimento do aplicativo integrou os conhecimentos de imunologia, ciência dos alimentos e matemática aplicada de modo a disseminar conhecimento científico de fácil acesso para a comunidade.
Os desafios encontrados foram aprender uma nova linguagem de programação para uma plataforma que não tínhamos conhecimento, porém com muito esforço e foco driblamos os desafios e conseguimos desenvolver um aplicativo em versão beta que entrega diversas informações para a melhoria da qualidade de vida para o portador de Lúpus e disponibiliza um diário para acompanhamento do tratamento e dos sintomas. A exigência de utilização de três disciplina diversas, nos mostrou o quanto nós podemos explorar os diversos conhecimentos adquiridos durante a graduação, nos mostrando que podemos explorar diversas áreas.
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Grupo: Amanda Andrade, Barbara Cohen, Camila Ribeiro, Daniela Guerin, Diana Bueno, Gabriel Alvim e Jordy Héricles |
Shrimp Free
Para unir 3 áreas do conhecimento, nosso grupo optou por criar a Shrimp Free, uma empresa que trabalha com um problema crescente na população mundial: a alergia alimentar.
Nosso projeto foi a produção de um camarão hipoalergênico através da Irradiação Gama, uma solução de logística para a indústria de camarão congelado. A irradiação em alimentos é uma prática segura, com legislação vigente e que não oferece riscos à saúde humana e nem causa alterações nas características organolépticas do alimento. O maior obstáculo deste projeto foi o alto custo da instalação do maquinário necessário para a irradiação, apesar do irradiador utilizado, o de cobalto 60, não precisar de alimentação externa.
No final, conseguimos comprovar por meio da literatura, que esse processo é seguro e inutiliza a tropomiosina, proteína responsável pela resposta alérgica na maioria dos frutos do mar. Além disso, o projeto conseguiria obter lucros que ultrapassam o investimento inicial.
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Grupo: Ana Carolina Frasseto, Filipe Granero, Guilherme Castelo, Lucas Caiafa e Rafael Sartori
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ReÓleo
O Brasil produz 6,1 bilhões de litros de óleo vegetal por ano e somente cerca de 3% desse óleo é reciclado. O restante desse óleo, que é descartado de forma inadequada causa uma série de problemas, tornando solos inférteis, formando películas em rios e causando entupimento das redes de esgoto.
Uma das formas de reutilização desse óleo se dá pela produção de sabão caseiro, porém isso trás algumas complicações principalmente no que diz respeito à acidentes com queimaduras devido à utilização de soda cáustica para preparo do sabão e exposição inadequada.
Sendo assim, torna-se necessário buscar maneiras de otimizar o processo de produção desse sabão caseiro, buscando diminuir o descarte inadequado de óleo, e consequentemente a contaminação e o impacto ambiental. A alternativa proposta consiste de uma máquina em sistema fechado, composta por três compartimentos: um superior onde o usuário adiciona água, óleo usado, uma cápsula de soda cáustica e uma cápsula de etanol que pode conter aroma/essência; um compartimento no meio onde tudo se mistura através de uma hélice para homogeneizar, e uma resistência para aquecimento da água; e um compartimento inferior para armazenamento do sabão líquido, com uma torneira acoplada para retirada do mesmo. A máquina é toda automatizada, contendo uma programação de sistema em placa arduino, fazendo com que o usuário precise apenas apertar um botão e após 20 minutos o sabão estará pronto, sendo que 1 litro de óleo rende 5 litros de sabão.