Antes do recesso, o Blog do
Departamento de Ciências Biológicas inaugurou sua seção “Vida de Estagiário”, a
qual visa compartilhar relatos de alunos sobre suas primeiras experiências
profissionais. Em nossa postagem inicial, introduzimos informações sobre as
etapas normalmente necessárias para se conseguir um estágio (relembre aqui).
Dando início aos relatos propriamente
ditos, compartilharemos as experiências profissionais da Priscila Marques da
Paz, ex-aluna do curso de Engenharia Biotecnológica que realizou estágio na
empresa Philips-Dixtal nos últimos anos.
Blog: Como
você conseguiu seu estágio?
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Priscila em frente à Philips de Barueri, em 2015 (Arquivo pessoal). |
Priscila: Foi
preparando uma postagem para esse blog que a Jaqueline Orlando, também integrante
da equipe, me informou sobre a vaga. Na época, ela havia ficado em dúvida se a vaga
era destinada a engenheiros e me pediu para verificar. Não só verifiquei, como acabei
enviando meu próprio currículo. A vaga estava anunciada no site da Across, a
qual divulga oportunidades de emprego de forma semelhante à Cia de talentos e
ao Vagas.com. Após fazer testes de inglês e de lógica exigidos no cadastro,
fui chamada para a dinâmica. Depois disso, fui entrevistada pelo meu gestor e,
finalmente, aceita para o estágio.
B: Onde você trabalhou e em que área?
P: Trabalhei na Philips-Dixtal, unidade localizada em São Paulo até ano passado, na área de Pesquisa
e Desenvolvimento de produtos hospitalares. Apesar de ter pesquisado sobre a
empresa antes e visto que ela desenvolvia produtos hospitalares, foi na
entrevista que soube que eu faria estágio nessa área e essa era minha primeira
opção.
B: Com quais produtos você trabalhou?
Descreva.
P: Iniciei
o estágio trabalhando com equipamentos de anestesia e ventilação, e depois me
envolvi mais com monitores hemodinâmicos, que acompanham módulos e rack em
algumas versões.
O aparelho
de anestesia é responsável por prover oxigênio, remover CO2, fornecer
e quantificar os gases O2, N2O e Ar comprimido medicinal,
fornecendo vapor anestésico e facilitando a ventilação do paciente, de diversos
modos. De forma semelhante, o ventilador
mecânico é um aparelho ligado às vias aéreas do paciente, mas destinado
apenas a prover ou complementar sua ventilação pulmonar, não havendo ligação com
o fornecimento anestésico.
O monitor
hemodinâmico, monitor de paciente ou apenas monitor, é um instrumento
destinado à observação, acompanhamento e registros das funções vitais de um
paciente. Durante meu estágio, a empresa lançou a rack Efficia, equipamento
conectado ao monitor que permite a medição de mais parâmetros vitais através de
módulos inseridos (confira mais aqui).
B: Na sua opinião, qual é a importância de um
engenheiro biotecnológico nessa área?
P: Esses
aparelhos transcrevem, de certa forma, a monitorização de variáveis
fisiológicas, as quais foram estudadas e compreendidas durante disciplinas do
curso de Engenharia Biotecnológica e aplicadas com auxílio de ferramentas da
engenharia computacional e mecânica, vertentes também abordadas no curso. Foram
inúmeras vezes que lembrei das aulas de anatomia e fisiologia das professoras
Telma e Lucinéia, por exemplo, além das aulas de cálculo, operações unitárias e
de programação, dadas pelos professores José Celso, Ivanise e Juliana,
respectivamente.
Acredito que a nossa importância como
engenheiro biotecnológico está justamente em interagir áreas que, para muitos
cursos, estão completamente distantes. Percebi que o estágio exigia
conhecimentos basicamente de engenharia e de biologia, e ambos foram estudados
durante cinco anos de curso. O time de P&D era composto, em maioria, por
engenheiros da mecânica, elétrica, hardware e de programadores e, naturalmente,
estudar biologia não faz parte do escopo desses cursos, mas fazia parte do desenvolvimento
desses produtos. Sabendo disso, a empresa promove o desenvolvimento pessoal e,
dentre várias ferramentas, tínhamos palestras de diversos assuntos envolvidos –
e nunca vou me esquecer da palestra sobre os parâmetros BIS e NMT, cujo o
título era de “Monitorização do Bloqueio Neuromuscular e da Consciência”, ministrada
pelo Prof. Dr. Luiz Fernando dos Reis Falcão... acho que só pelo título dessa
palestra dá para perceber a semelhança com as aulas que tivemos em fisiologia sobre neurotransmissores.
Ainda, acredito que disciplinas voltadas à área
empresarial, como administração de empresas, projetos e planejamento de
projetos, e de todas que envolvem os conhecimentos necessários para compor o
produto, como segurança, ética profissional, propriedade intelectual e normas
técnicas, também me ajudaram a chegar mais preparada. Mas claro, na prática
você não só fixa seus conhecimentos como aprende bem mais!
B: Por quanto tempo você realizou seu estágio
e como você o avalia?
P: Realizei
meu estágio durante 1 ano e 2 meses. Tenho uma avaliação extremamente positiva
quanto à empresa e, principalmente, à equipe.
De maneira geral, o estágio me proporcionou
conhecimento imensurável tanto de forma profissional quanto pessoal, pois foi
agregada não somente a visão do mundo corporativo ao lidar com todos os
processos da empresa, como também na capacidade de liderar e de resolver
problemas, de forma integrada com o time de trabalho, tendo uma boa dinâmica
com todos.
Além disso, achei bem legal a empresa ter certa
preocupação com o desenvolvimento pessoal do funcionário: se ele apresenta
possíveis lacunas (gaps), naturais em
determinadas fases da carreira (principalmente para quem estava começando, como
eu), seu líder (no meu caso, também minha mentora) sugere que ele faça
treinamentos ou cursos relacionados para melhorar esses gaps, mesmo que não estivessem completamente relacionados ao
desenvolvimento do produto em si. Por exemplo, senti que, em determinado
momento do estágio, um de meus gaps
era minha capacidade de negociação, e coloquei esse ponto no meu plano de
desenvolvimento, com auxílio de meu gestor e mentora durante nossa reunião de feedback. Assim, eu poderia realizar
treinamentos de negociação, bem como praticá-la em certos momentos, e isso era
independente do que eu estivesse fazendo no produto no momento, mas sem prejudicar o cronograma,
claro.
B: Você gostaria de fazer mais alguma consideração?
P: Sim.
Gostaria de agradecer, publicamente, todas às pessoas envolvidas ao meu estágio,
especialmente à minha tutora Profa. Dra. Juliana de Oliveira, à minha mentora e
analista Déborah Auricchio Anieri de Souza, ao meu gestor e gerente de projetos
José Marcelo Auler, à cada membro do time de P&D, que tive a honra de
conhecer e trabalhar junto, e aos meus pais, que sempre me
apoiaram.
Para quem tiver interesse em saber mais, não
hesite em me contatar.
Responsável pelo Texto:
Priscila Marques da Paz
(Engenheira Biotecnológica)