A
costa do Brasil é bastante conspícua em relação à quantidade de habitats
disponíveis, entretanto poucas regiões apresentam águas calmas e transparentes
próximas à sistemas de mangues. Essa é uma característica de outras regiões do
mundo, por exemplo o Mar do Caribe, locais que são habitat de uma diferenciada
espécie de águas vivas, Cassiopea. Essa
é uma água viva que tem o comportamento muito mais ligado ao substrato, vivendo
sempre de “cabeça para baixo”.
Curiosamente,
indivíduos dessa água viva (gênero Cassiopea)
têm aparecido em alguns pontos da costa do Brasil e causado alguns problemas
ambientais. A primeira aparição com registros oficiais foi em 2008 em Cabo
Frio, Rio de Janeiro. Essa população foi registrada pelo grupo de pesquisa
(USP/UNESP) em 2015 (http://agencia.fapesp.br/bela_invasora_do_mar/23168/),
no qual ficou evidente que foi uma invasão antiga e que é originária do Mar
Vermelho.
Recentemente,
uma outra enorme população foi registrada em Maceió, Alagoas. Essa população
dominou uma região bastante turística do Litoral Norte, próximo da cidade de
Paripuera. Essa população de águas vivas não só está interferindo nos serviços
de turismo, mas também nas atividades de pesca. Sendo assim, os órgãos
ambientais e também a mídia alardearam bastante o estabelecimento dessa
população.
O
nosso grupo de pesquisa (Sérgio N. Stampar (LEDA-UNESP/Assis) e André C. Morandini
(IB-USP)) se deslocou até essa região para avaliar o caso e tentar comparar com
o fenômeno observado em Cabo Frio. A visita foi bastante difundida pelos meios
de comunicação (http://g1.globo.com/al/alagoas/altv-2edicao/videos/v/pesquisadores-estudam-a-bioinvasao-de-aguas-vivas-no-litoral-norte-de-alagoas/5367305/)
e pelo lado científico resultará em uma interessante discussão dos impactos do
possível alastramento dessa espécie pelo litoral do Brasil. Os estudos que
estão sendo conduzidos, principalmente no campo da genética, poderão responder
várias perguntas em relação à organização dessa população e a relação com
outras que podem surgir no Brasil.
Responsável
pelo texto: Dr. Sérgio N. Stampar