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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

FOGO NO CERRADO: Brigada de Combate a Incêndios e Treinamentos de Prevenção do Fogo no Cerrado

A região central do país tem duas estações bem determinadas: período de cheia (chuvas) e períodos de seca. O período de seca ocorre entre junho e outubro e é caracterizado por uma baixa considerável no nível da água (alguns rios chegam a secar completamente seus leitos) e baixa umidade do ar, nesse período o Cerrado torna-se um ambiente sensível a incêndios florestais, destes, a maioria ocorre por causas antrópicas, principalmente limpeza de pastagem para agricultura e pecuária, queima de entulho, fogueiras e a prática ilegal de soltar balões.


Foco de incêndio entorno do PNCV (Agosto/2016) Foto: Vitor Oliveira


Só no ano de 2015, foram queimados 1,18 milhão de hectares em unidades de conservação federais de todo o País, que abrangem parques nacionais, reservas biológicas e áreas de proteção ambiental. No ano de 2016, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve um aumento de 65% nos focos de incêndio em relação ao mesmo período do ano passado. Um estudo do Inpe mostra que são as vegetações do Cerrado e da Amazônia as mais afetadas pelos incêndios florestais: 82,45% dos 3.568 focos registrados no mês de maio, estavam concentrados nessas regiões.

O trabalho da brigada é de suma importância para preservação das áreas de conservação, sem ele, o fogo traria consequências irremediáveis e perdas inestimáveis ao bioma. Os brigadistas são, em sua maioria, moradores locais, possuidores de um conhecimento popular valioso e imprescindível para um bom desenvolvimento do trabalho realizado. Contudo, os contratos desses profissionais são temporários e tem duração apenas para o período de seca (6 meses), ao término do contrato, os brigadistas só poderão ser contratados novamente dentro de dois anos, dessa forma, há uma rotatividade de equipes e os treinamentos são renovados a cada temporada.


Brigadistas combatendo incêndio no entorno do PNCV (Agosto/2016) Foto: Vitor Oliveira
O PNCV conta atualmente com duas equipes de 18 brigadistas, a cada semana uma das equipes fica de plantão no Parque para combater focos de incêndio que ocorrem sempre nesta época do ano. Neste ano o trabalho incluiu aceiros como estratégia de prevenção de fogo na área protegida pelo Parque, o aceiro é o desbaste de uma faixa de vegetação para evitar a propagação do fogo, impedindo maiores danos, já que o fogo tende a alastrar rapidamente pelo Cerrado nesta época do ano.

Equipe de Brigadistas PNCV 2016 e voluntários 

Em alguns estados do Brasil, os responsáveis por combater incêndios são os guardas-parques que além de combater incêndios, fiscalizam e protegem as unidades de conservação durante todo o ano. A presença de Guardas-parques, o ano todo no Parque Nacional traria muitos benefícios, tendo em vista que o governo de Goiás não possui fiscais suficientes para a demanda do estado e tratando-se também da proposta de ampliação da área do Parque.

Os profissionais que atuam como brigadistas no PNCV são extremamente capacitados, eficientes e organizados, além de respeitarem e conhecerem muito o Cerrado, chegam a passar noites inteiras combatendo fogo para salvar a biodiversidade. São pessoas que tem muito a ensinar e que merecem todo o reconhecimento pela atuação no combate ao fogo e cuidado com a natureza.


TREINAMENTOS LAPIG / UFG

Durante os dias 02,03 e 04 de agosto na cidade de Alto Paraíso de Goiás ocorreram os seguintes treinamentos: 1) Treinamento Base de Dados Ambientais e análise de dados em ambiente SIG; 2) Classificação do Risco de Incêndios Florestais em Unidades de Conservação no bioma Cerrado; 3) Áreas de Pastagens em Unidades de Conservação no bioma Cerrado, ministrados pelos pesquisadores do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG) da Universidade Federal de Goiás (UFG) e realizado pelo ICMBio, Fundação Grupo O Boticário, Rede de Integração Verde e Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.


Os treinamentos propiciaram um ambiente de discussão muito rico com trocas de experiências entre os participantes e ministrantes, participaram destes, profissionais da área de conservação de diversas organizações, estudantes e gestores de Unidades de Conservação. Foram apresentadas ferramentas úteis para prevenção do fogo e mapeamento das áreas de risco, que podem ser utilizadas com a finalidade de otimizar as ações de prevenção e combate aos incêndios florestais no Cerrado.

Responsável pelo texto:
Jaqueline Orlando
Graduanda em Ciências Biológicas - UNESP Assis