A
região central do país tem duas estações bem determinadas: período de cheia
(chuvas) e períodos de seca. O período de seca ocorre entre junho e outubro e é
caracterizado por uma baixa considerável no nível da água (alguns rios chegam a
secar completamente seus leitos) e baixa umidade do ar, nesse período o Cerrado
torna-se um ambiente sensível a incêndios florestais, destes, a maioria ocorre por causas antrópicas, principalmente limpeza
de pastagem para agricultura e pecuária, queima de entulho, fogueiras e a
prática ilegal de soltar balões.
![]() |
Foco de incêndio entorno do PNCV (Agosto/2016) Foto: Vitor Oliveira |
Só
no ano de 2015, foram queimados 1,18 milhão de hectares em unidades de
conservação federais de todo o País, que abrangem parques nacionais, reservas
biológicas e áreas de proteção ambiental. No ano de 2016, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve um aumento de 65% nos focos de incêndio em relação ao mesmo período do ano passado. Um estudo do Inpe mostra que são as vegetações do Cerrado e da
Amazônia as mais afetadas pelos incêndios florestais: 82,45% dos 3.568 focos
registrados no mês de maio, estavam concentrados nessas regiões.
O
trabalho da brigada é de suma importância para preservação das áreas de
conservação, sem ele, o fogo traria consequências irremediáveis e perdas
inestimáveis ao bioma. Os brigadistas são, em sua maioria, moradores locais,
possuidores de um conhecimento popular valioso e imprescindível para um bom
desenvolvimento do trabalho realizado. Contudo, os contratos desses
profissionais são temporários e tem duração apenas para o período de seca (6
meses), ao término do contrato, os brigadistas só poderão ser contratados
novamente dentro de dois anos, dessa forma, há uma rotatividade de equipes e os
treinamentos são renovados a cada temporada.
O
PNCV conta atualmente com duas equipes de 18 brigadistas, a cada semana uma das
equipes fica de plantão no Parque para combater focos de incêndio que ocorrem
sempre nesta época do ano. Neste ano o trabalho incluiu aceiros como estratégia de prevenção de fogo na área protegida pelo Parque, o aceiro é o desbaste de uma faixa de vegetação para evitar a propagação do fogo, impedindo maiores danos, já que o fogo tende a alastrar rapidamente pelo Cerrado nesta época do ano.
![]() |
Brigadistas combatendo incêndio no entorno do PNCV (Agosto/2016) Foto: Vitor Oliveira |
![]() |
Equipe de Brigadistas PNCV 2016 e voluntários |
Em
alguns estados do Brasil, os responsáveis por combater incêndios são os
guardas-parques que além de combater incêndios, fiscalizam e protegem as
unidades de conservação durante todo o ano. A presença de Guardas-parques, o
ano todo no Parque Nacional traria muitos benefícios, tendo em vista que o
governo de Goiás não possui fiscais suficientes para a demanda do estado e
tratando-se também da proposta de ampliação da área do Parque.
Os
profissionais que atuam como brigadistas no PNCV são extremamente capacitados,
eficientes e organizados, além de respeitarem e conhecerem muito o Cerrado, chegam a passar noites inteiras combatendo fogo para salvar a biodiversidade. São
pessoas que tem muito a ensinar e que merecem todo o reconhecimento pela
atuação no combate ao fogo e cuidado com a natureza.
TREINAMENTOS
LAPIG / UFG
Durante
os dias 02,03 e 04 de agosto na cidade de Alto Paraíso de Goiás ocorreram os
seguintes treinamentos: 1) Treinamento Base de Dados Ambientais e análise de
dados em ambiente SIG; 2) Classificação do Risco de Incêndios Florestais em
Unidades de Conservação no bioma Cerrado; 3) Áreas de Pastagens em Unidades de
Conservação no bioma Cerrado, ministrados pelos pesquisadores do Laboratório de
Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG) da Universidade Federal de
Goiás (UFG) e realizado pelo ICMBio, Fundação Grupo O Boticário, Rede de
Integração Verde e Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Os treinamentos propiciaram um ambiente de discussão muito rico com trocas de
experiências entre os participantes e ministrantes, participaram destes, profissionais da área de conservação de diversas organizações, estudantes e
gestores de Unidades de Conservação. Foram apresentadas ferramentas úteis para
prevenção do fogo e mapeamento das áreas de risco, que podem ser utilizadas com a finalidade de otimizar as ações de prevenção e combate aos incêndios florestais no
Cerrado.
Responsável pelo texto:
Jaqueline Orlando
Graduanda em Ciências Biológicas - UNESP Assis