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quinta-feira, 7 de julho de 2016

Dra. Renata Udulutsch conta ao Blog sobre a oficiação do Herbário Assisense (HASSI)

Recentemente, o Laboratório de Sistemática Vegetal, coordenado pela Dra. Renata Udulutsch, oficializou o registro internacional de um Herbário com sede na Faculdade de Ciências e Letras de Assis. A professora Renata nos recebeu para contar um pouco a respeito desta conquista. 


Blog: Quando o herbário foi criado?

Renata: Começamos com a coleção em 2013, a qual foi estruturada no Laboratório de Sistemática Vegetal, mas quando se começa uma coleção não é possível fazer o registro para que se tenha o reconhecimento internacional, pois é necessário um número mínimo de exemplares. Antigamente esse número era 3.000, agora reduziram para 1.500 exemplares. Dessa forma, a partir do momento que atingimos esse número, ou estamos perto disso, o credenciamento internacional já é permitido. Esse credenciamento é feito no Index Herbariorum, o qual é administrado pelo Jardim Botânico de Nova York. Os dados são disponibilizados em um site que contém o registro de todos os herbários do mundo, o que permite fazer a busca, por exemplo, por endereços, coleções científicas importantes e quais são os grupos de especialistas que trabalham nos herbários.

Blog: Como surgiu a idéia do herbário?

Renata: Todos os trabalhos de taxonomia vegetal são baseados em amostras depositadas em coleções científicas. Todo material coletado em campo deve ser incluído em uma coleção, sendo considerado o material-testemunho (voucher) da amostra, caso contrário, não há como publicar os trabalhos, pois muitas revistas têm essa exigência. Isso não ocorre só para taxonomia, mas para a maioria das áreas que envolvam a coleta de material biológico. Por exemplo, se você trabalha com fitoquímica é importante que parte das amostras que foram utilizadas nos experimentos sejam depositadas em uma coleção científica, a qual passa a abrigar o material-testemunho do seu trabalho.
A idéia de fazer o Herbário Assisense (HASSI), surgiu justamente por conta dessa demanda. Para todos os trabalhos que eram desenvolvidos aqui, precisávamos enviar amostras para uma coleção científica externa. Na UNESP temos apenas três herbários reconhecidos, em São José do Rio Preto, em Rio Claro e em Botucatu, e na região oeste do estado de São Paulo só existe o herbário de Rio Preto, não havendo nenhum outro. Dessa forma, a criação de um herbário em Assis, além de ampliar a cobertura na região oeste do estado de São Paulo, será fundamental para o depósito das amostras dos trabalhos desenvolvidos pelos docentes e alunos da UNESP, especialmente pela equipe do Laboratório de Sistemática Vegetal, que coleta um volume grande de amostras todos os meses. 

Blog: Quais são as vantagens de se ter um herbário?

Renata: O herbário tem uma série de usos, ele serve para pesquisas básicas, por exemplo, para a identificação de espécimes (a identificação poderá ser feita através da comparação com as amostras depositadas no herbário).  Outro uso é para a identificação de períodos de floração e frutificação de uma planta: supondo que para o seu trabalho você precise coletar as flores de uma determinada espécie, basta ir ao herbário e consultar quando essa espécie foi coletada com flores. Um herbário também serve como fonte para uma série de pesquisas biológicas, como material para análises químicas, localização de espécies raras, registro de introdução de espécies invasoras, além de manter os vouchers de diversos estudos. Existe uma série de usos, quem tiver interesse pode consultar o seguinte trabalho "100 uses for anherbarium", de Vicki Funk (2003).
Com o herbário reconhecido, podemos pedir na forma de empréstimo amostras a outros herbários. Os herbários mandam os materiais para nós, analisamos e depois devolvemos. O fato de termos um herbário cadastrado, permite também a troca (permuta) de amostras, conseguimos doar amostras e receber doações de outros herbários, o que faz com que nossa coleção cresça cada vez mais.

Blog: Existe alguma meta para o herbário?

Renata: Estamos sempre visando o crescimento do herbário. Nossa meta é ter uma coleção representativa da diversidade regional, incluindo as áreas de cerrado e floresta estacional de Assis e região, e expandir isso para um nível estadual e, futuramente, nacional. Existem herbários locais, regionais, nacionais e internacionais, dependendo do número de amostras e das regiões que elas representam. Sendo assim, o nosso herbário é considerado local, pois possui a maioria das amostras dos arredores de Assis. Já um herbário de nível nacional, por exemplo, tem exemplares de vários locais do país.
Por enquanto nosso herbário é bem pequeno, está com cerca de 1.500 exemplares. Nossa meta é dobrar esse número até meados do próximo ano. 

Blog: Qual a importância do herbário ser reconhecido?

Renata: Existem várias leis relacionadas ao transporte de material biológico e, no caso de amostras de plantas herborizadas (secas), só é possível fazer isso entre instituições científicas que possuem coleções científicas reconhecidas. Quando o herbário não é reconhecido, não consigo fazer a troca de material com outros herbários e não consigo pedir material emprestado, pois os outros herbários não enviarão suas coleções.

Informações:
Para buscar por um herbário.
Para saber mais sobre o herbário Assisense.
Referência sobre os usos de um herbário:
Funk, V. 2003. 100 uses for anherbarium (wellatleast 72). ASPT Newsletter 17: 17–19.