
A
análise das fezes permite identificar diversas informações, pois as fezes
trazem consigo, células epiteliais do sistema digestivo dos felinos, podendo
trazer informações em seus núcleos, como o gênero do animal em questão, sua
relação de parentesco com outros animais em estudo, além do tamanho da
população, alimentação, quantidade de hormônios presente e, consequentemente a
época de estro. No entanto, esse material só é viável, até no máximo três dias
após a deposição das fezes, caso contrário, o DNA ali presente, é degradado.
Para
utilização dos pelos, a análise é feita através do DNA contido no bulbo destes
e a coleta do material é feita através de armadilhas, onde utiliza-se materiais
que seguram uma quantidade de pelos quando os animais passam, assim como as
fezes, esse material pode conter muitas informações, mas também é pouco
acessível devido a sua rápida degradação, pois
é difícil prever quando e onde o animal vai passar. Pensando nisso, o
professor decidiu tentar usar o DNA contido na medula do pelo, ao invés do
bulbo, testando em pelos de gatos e cães, com o auxílio dos docentes Dr. João
Tadeu Ribeiro Paes e Dra. Edislane Barreiros de Souza, do Departamento de
Ciências Biológicas e de pesquisadores geneticistas da USP (Universidade de São
Paulo), além de seus alunos de iniciação científica e de uma aluna de mestrado
da Profª Edislane.
O
processo de extração do DNA exige quebra da membrana da célula, que é
lipoproteica, para isso, utiliza-se a proteinase K no protocolo de extração, que
quebra proteína das células das quais se pretende extrair o DNA. A proteinase K
é usada por poder ser utilizada em grande variação de temperatura e pH amplas e
por não ser fotossensível, no entanto essa enzima tem um alto custo, pois sua
produção exige procedimentos delicados em engenharia genética.
Num
insight, o prof Alberts sugeriu à utilização de pancreatina em substituição a
proteinase K, grupo de enzimas utilizadas na técnica de diafanização, por ter um custo consideravelmente mais baixo, seja em natura
ou de forma purificada.
Após
a realização de alguns testes, a pancreatina mostrou-se eficiente para o mesmo
fim que se utiliza a proteinase K. Como na literatura não existia nenhum
procedimento parecido, decidiram pela deposição da patente.
A
UNESP, USP e FAPESP, que financiaram o projeto, serão possuidoras da patente.
Sendo que os pesquisadores envolvidos na pesquisa, poderão utilizar-se dessa
descoberta para outros empreendimentos, incentivando o espírito empreendedor
dos pesquisadores.
O
próximo passo será entender como as enzimas formadoras da pancreatina agem
nesse processo, juntamente com a Dra. Valéria Marta Gomes do Nascimento, responsável pelo laboratório
de Bioquímica do Departamento de Ciências Biológicas.
O
trabalho que inspirou essa patente, já foi publicado e pode ser acessado aqui.
Já a
publicação do trabalho baseado na patente, será feita após obtenção dos
resultados posteriores, como amplificação do DNA por meio do PCR e a comparação
com a proteinase K, além da pesquisa com as enzimas que compõem a pancreatina.