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segunda-feira, 2 de maio de 2016

Dr. Carlos Alberts dá entrevista a Revista Nacional sobre Gatos


O Dr. Carlos Alberts, docente do Departamento de Ciências Biológicas concedeu entrevista recentemente para a revista “Pulo do Gato”, especializada em gatos domésticos, dedicada aos amantes destes animais.

As matérias, intituladas 1) “Da selva para o sofá: A incrível domesticação dos gatos” e 2) “Como será o gato daqui a 50 anos?”, ambas escritas por Júlio Mangussi estão contidas na 99ª edição da revista, de março de 2016. Na primeira matéria, o Dr. Carlos Alberts e dois pesquisadores geneticistas, Eduardo Eizirik (PUC-RS) e Stephen J. O'Brien (Universidade Estatal de São Petersburgo), explicam a história da domesticação dos gatos, como foi esse processo, as modificações ocorridas ao longo do tempo e o porquê dos gatos terem sido domesticados.

Atualmente os gatos são considerados como membros da família, mas como se deu essa proximidade? O Dr. Carlos Alberts falou com a equipe do Blog do Departamento, explicando que os gatos ainda não foram domesticados de fato, isto é, ainda são capazes de sobreviver por gerações sem a interferência humana e  que o contato com outros gatos e a disponibilidade de alimento são determinantes no seu comportamento ao longo da vida.

Se os gatos crescem em local onde há abundância de alimentos, concentrado em um único local, eles são capazes de viver em colônias, mas se o alimento é escasso e espalhado, tendem a viver solitários, explica o professor. Além disso, se os filhotes, ao nascerem e nas duas a três semanas seguintes, estiverem em presença de outros gatos adultos, que não a mãe e outros membros da mesma ninhada, tornam-se animais mais sociais, caso contrário, ou seja, se não forem expostos ao contato com nenhum adulto além da mãe, tendem a se tornar solitários, processo chamado, em comportamento animal, de estampagem social. A convivência dos filhotes com os irmãos adultos ativa a juvenilização, ou seja, os gatos serão infantes pelo resto da vida, com exceção do momento do acasalamento.

Sabe-se que a domesticação massiva dos gatos ocorreu no antigo Egito, onde já havia agricultura instaurada e consequentemente, armazenamento de alimentos como trigo e cevada, que atraíam roedores, estes, por sua vez, atraíam predadores como aves de rapina, serpentes e os gatos.

No entanto um gato enterrado ao lado de um homem, datado de 9000 anos foi descoberto na ilha de Chipre, onde também já existia agricultura. Foi então que os seres humanos passaram a ter contato com esses seres cativantes, e a convivência era benéfica para ambos, pois os gatos caçavam os roedores que comiam os alimentos armazenados. 


Gato encontrado enterrado ao lado de homem na Ilha de
Chipre, datado de 9000 anos FONTE: “EARLY TAMING OF THE CAT IN CYPRUS”, J.D.VIGNE,
 J.GUILAINE, K.DEBUE, K.HAYE E P.GÉRARD, EM SCIENCE, VOL.304; ABRIL, 2004.
Deusa egípcia Bastet
Os egípcios se apegaram aos gatos, ao ponto de acreditarem, por volta de 2900 anos atrás, que eram seres sagrados, uma de suas divindades solares, a deusa Bastet, deusa da fertilidade, possui a forma de um gato. No Egito antigo, qualquer um que cometesse maus tratos a esses animais, era severamente punido.


“O gato doméstico alterou seu comportamento, especializou-se em socialização com o homem. Os graciosos miados, por exemplo, são direcionados, principalmente, a nós, donos deles. Gatos não são tão falantes assim quando selvagens. [...] Provavelmente aqueles que ‘falavam’ mais foram selecionados pelo ser humano, que gosta de animais que interagem. Ao longo das gerações, essa característica se perpetuou, evoluiu e a vocalização aumentou” Dr. Carlos Alberts para a Revista O Pulo do Gato, pág 15. Março/2016.

Os gatos dispersaram-se pelo mundo em embarcações, pelas rotas comerciais dos egípcios, eram os marujos responsáveis por eliminar os ratos das embarcações.

A segunda entrevista, “O que será o gato daqui a 50 anos?”, fala sobre como serão os gatos futuramente, daqui a 50 anos, em conversa com a equipe do Blog do Departamento, o Dr. Carlos Alberts menciona que a tendência desses animais é tornarem-se cada vez mais domesticados, pois, como mencionado na entrevista anterior, a domesticação dos gatos não é hoje, completa.

Essa domesticação, segundo ele, pode trazer consequências negativas para a espécie, pois estes animais se tornarão dependentes dos seres humanos para sobreviver. Atualmente algumas raças já são completamente dependentes, pois são raças que trazem deficiências fisiológicas e anatômicas que na natureza, não se perpetuariam, como o gato Persa, por exemplo, é um animal muito peludo e tem como característica a face bastante achatada. Essa característica foi selecionada artificialmente e é negativa para os indivíduos, pois acaba por comprimir toda a estrutura interna da face, como as glândulas lacrimais, que deixam os olhos desses animais permanentemente úmidos, podendo provocar infecções bacterianas e fúngicas, além disso, a maxila comprimida aperta os dentes que ficam sobrepostos e os ouvidos, provocando dores. O professor citou ainda outras raças como os Siameses e o Ragdoll que tem tendência à surdez precoce e problemas mentais, respectivamente, causados pela transmissão de características não intencional, contidas nos mesmos genes que as características apreciadas. Os gatos que não tem pelos, como o Shpynx, passam muito calor no verão e muito frio no inverno, pois tem uma área de contato e troca de calor maior.

Todos esses problemas devem-se ao fato de que nem todas as pessoas gostam das características naturais dos gatos, portanto, preferem os selecionados, que são mais dependentes e mais dóceis, segundo o professor Alberts. Outro fator de interesse humano, são as diferenças e os padrões de beleza, as competições de gatofilia são exemplo disso, intensificando a busca por características como: alteração na coloração, ângulos faciais perfeitamente triangulares, dentre outras.

Há ainda raças de gatos que foram selecionadas pela natureza, como o gato norueguês da floresta e o pelo curto britânico, que são raças muito saudáveis e possuem uma expectativa de vida maior.

No entanto, as pessoas preferem os animais mais exóticos, pois o diferente fascina, mas não se atentam aos problemas causados por essas modificações ao longo do tempo. Confira algumas das raças de gatos mais admiradas:

Gato de Bengala
Gato Persa


Shpynx

Siamês

Pelo curto britânico