Com
a ocorrência do XI EEBBA em 2014, na Unesp/Assis e presença do biólogo João
Rafael Marins do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), descobri o Parque
Estadual do Desengano, no estado do Rio de Janeiro. Posteriormente, participei
do curso também ministrado por ele, na Biotrip para o Parque Estadual do Morro
do Diabo (Teodoro Sampaio/SP), realizada pelo Keisuke
Kira, ex- aluno do departamento e responsável pelo blog Outdoor.
Esse
contato me instigou a conhecer o Parque Estadual do Desengano e acompanhar de
perto o trabalho de um profissional da área de ciências biológicas em uma
unidade de conservação. E no mês de setembro, durante o recesso escolar, surgiu
a oportunidade.
Decidi
escrever para o blog porque percebo que apenas com as disciplinas da graduação,
os alunos não tem a chance de vivenciar experiências de um profissional formado
e atuando como biólogo, a Empresa Júnior é o projeto que mais transmite essa
visão para o graduando e ainda assim, os alunos pouco participam de tais
atividades. Além disso, realizando pesquisa para matéria sobre a profissão biólogo, vi que há muitas coisas importantes para a categoria, que são por nós
graduandos, pouco exploradas.
Criado
no ano de 1970, pelo Decreto-lei Estadual nº250 de 13 de abril de 1970, a sede
do Parque Estadual do Desengano localiza-se no município de Santa Maria
Madalena/ RJ. O Parque possui uma área de aproximadamente
22.400 hectares e constitui o último remanescente de Mata Atlântica em ampla
região, abrange os municípios de Santa Maria Madalena, São Fidélis e Campos dos
Goytacazes.
O PED possui esplendidos picos rochosos e considerável número de
espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. É repleto de nascentes de
importantes cursos d’água, como o Rio Grande, Ribeirão Macapá, Os rios
Morumbeca, Mocotó e Aleluia, afluentes do Rio Imbé, que dá nome a diversas
localidades da região. Além das diversas cachoeiras como Tombo D’água, Maracanã
e a Cachoeira Bonita.
Pedra da Agulha |
Seu nome é proveniente do ponto mais alto do Parque, a Pedra do Desengano, com 1.761 m de altura, cuja origem do nome da pedra é incerteza, porém, dentre as especulações, conta-se que o nome se deve a um episódio em que um contrabandista deixou grande tesouro enterrado na Serra do Imbé, ao qual nunca foi encontrado. Outra hipótese relaciona-se com as poucas chances de sucesso de uma fazenda situada junto à pedra, chamada Fazenda do Desengano.
A cobertura vegetal é formada por floresta ombrófila densa
montana e submontana e campos de altitude acima de 1600m. No parque é possível
encontrar animais como a Preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), paca (Agouti
paca), onça-parda (Puma concolor),
mão-pelada (Procyon cancrivorus) e o
Muriqui (Brachyteles arachnoides),
animal símbolo do parque, primata encontrado somente na Mata Atlântica, o
Muriqui pode chegar a 1,80 de altura e está ameaçado de extinção, segundo a
lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).
A
visitação ao parque é muito estimulada, pois contribui para a sua conservação. Quanto
mais pessoas conhecerem os parques estaduais, respeitando as normas ambientais
vigentes, mais defenderão sua biodiversidade. Além de que a visitação contribui
na inibição e fiscalização dos reais destruidores do meio ambiente: caçadores,
palmiteiros e desmatadores. A gestão do Parque também está empenhada em receber
estudantes para estágio voluntário e pesquisa.
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Mão-pelada (Procyon cancrivorus) Foto: Samir Mansur |
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Paca (Agouti paca) Foto: Samir Mansur |
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Muriqui-do-Sul (Brachyteles arachnoides), Simbolo do Parque Estadual do Desengano.Foto: João Rafael Marins |
O
órgão responsável pelo Parque é o INEA (Instituto Estadual do Ambiente), dentre
os seus colaboradores que atuam no parque estão: guarda-parques, chefe,
sub-chefe. As equipes são divididas em: Uso público, fiscalização, pesquisa e
educação ambiental, de acordo com as habilidades dos colaboradores.
Os
guarda-parques são profissionais capacitados para atuar diretamente nas
unidades de conservação de proteção integral estaduais e suas respectivas zonas
de amortecimento. Têm como atribuições, além de receber e orientar visitantes,
prevenir e combater incêndios florestais; fiscalizar desmatamentos e outras
infrações ambientais; realizar ações de busca e salvamento; apoiar atividades
de educação e interpretação ambiental, de pesquisa científica e, ainda,
desempenhar ações de caráter socioambiental junto às comunidades do entorno das
UCs.
Com
a contratação dos Guarda-parques, o Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro do
Brasil a contar com uma equipe especializada para atuar em unidades de
conservação de proteção integral.
Ricardo Ferreira Nines e Rhamon Canedo Santos (Guarda-parques), Jaqueline Orlando (Graduanda C. Biológicas - Unesp/Assis), João Rafael Marins (Biólogo, sub-chefe do PED) - Cachoeira Roncador |
Neste
ano de 2015, o Parque recebe a colaboração de representes do Instituto Moleque
Mateiro, que promove visitações
escolares, oficinas, eventos, seminário de educação ambiental, encontros científicos,
curso para conselheiros do Parque e curso para professores, num projeto chamado
EdUC - Educação em Unidades de Conservação, financiado pelo edital da Funbio.
O Parque Estadual do Desengano conta com uma
página no Facebook para quem se interessar em acompanhar as ações, além de um
guia de trilhas disponível para download gratuito (baixe aqui).
Responsável pelo
texto: Jaqueline Orlando
Aluna de Graduação em
Ciências Biológicas
Unesp/Assis