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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Curso de Introdução à Permacultura: O que rolou?






O acesso à comida deveria ser um direito fundamental de qualquer ser humano, é algo intrínseco à vida, à existência, mas que infelizmente tornou-se produto comercial e já não está disponível a todos. O atual sistema sócio-econômico deixou de visar a alimentação como principal objetivo, e justamente por isso, vemos notícias informando sobre o crescimento recorde na produção de alimentos, e em paralelo números alarmantes de obesidade mórbida e desnutrição infantil. A desigualdade social se torna gritante quando comparamos estes e outros números, e por isso uma reflexão profunda sobre o que comemos pode nos levar a uma verdadeira revolução verde, afinal, se alimentar é também um ato político. Neste contexto, a Agroecologia surge como uma alternativa a este sistema, lidando com a agricultura de forma socialmente inclusiva,  sistêmica, renovável e sustentável capaz de gerar produtos diferenciados e conciliando as necessidades do agricultor em desenvolver sua unidade produtiva com geração de renda, conservação e recuperação ambiental.

Nos dias 9, 10 e 11 de agosto foi realizado o Curso de Permacultura no campus da UNESP Botucatu, no qual possibilitou que estas e outras questões relacionadas com o modo de produção e manejo ambiental pudessem ser discutidas com embasamentos teóricos na área de agroecologia e suas vertentes, como a permacultura. O termo permacultura surgiu no final da década de 70 com os cientistas australianos Bill Mollison e David Holmgren, mas somente na década de 80 que o termo difundiu-se pelo Brasil. Um ponto importante no significado da palavra, é que ao abordar o conceito de cultura, esta metodologia se propõe a ser uma possibilidade de organização de diversas atividades humanas, referentes à sua própria existência, tais como sua organização socioespacial voltada para a agricultura. E ao utilizar a palavra “permanente”, remete a um entendimento de sustentabilidade, com o intuito de manter por um maior período a base de recursos necessários para a sobrevivência de futuras gerações.


A parte teórica do curso contou com rodas de discussão, dinâmicas em grupo e até um pouco de design em permacultura, onde a base de tudo é a observação da natureza, e sua manipulação de forma natural.  Nas palavras de David Holmgren, “Um bom design depende de uma relação harmoniosa e livre entre as pessoas e a natureza, na qual a observação cuidadosa e a interação racional provêm a inspiração, o repertório e os padrões para o design”. (HOLMGREN, 2002, p.13.) Como resultado desta “observação”, o autor afirma que, enquanto a agricultura tradicional é intensiva em trabalho humano e a industrial em energia fóssil, o design permacultural é intensivo em informação e planejamento com foco no estilo de vida sustentável.
Já a parte prática contou com a construção de uma geodésica feita com bambu e PVC, que foi montada no sítio experimental do Projeto de Agroecologia Timbó – que em parceria com o Grupo de Permacultura Curare tornou todo o curso possível. Por fim, fica um convite para trazermos essas e outras discussões para dentro do nosso campus, aproveitarmos a interdisciplinaridade que os cursos oferecem e construirmos um conhecimento científico que esteja disponível para quem realmente necessita. Caso tenha interesse, é só procurar pelo “Grupo de Agroecologia e Permacultura de Assis” no Facebook e se juntar a nós!




Responsável pelo texto:
Felipe Pinto Simão 

Aluno de Graduação em Ciências Biológicas