O
acesso à comida deveria ser um direito fundamental de qualquer ser humano, é
algo intrínseco à vida, à existência, mas que infelizmente tornou-se produto
comercial e já não está disponível a todos. O atual sistema sócio-econômico
deixou de visar a alimentação como principal objetivo, e justamente por isso,
vemos notícias informando sobre o crescimento recorde na produção de alimentos,
e em paralelo números alarmantes de obesidade mórbida e desnutrição infantil. A
desigualdade social se torna gritante quando comparamos estes e outros números,
e por isso uma reflexão profunda sobre o que comemos pode nos levar a uma
verdadeira revolução verde, afinal, se alimentar é também um ato político.
Neste contexto, a Agroecologia surge como uma alternativa a este sistema,
lidando com a agricultura de forma socialmente inclusiva, sistêmica, renovável e sustentável capaz de
gerar produtos diferenciados e conciliando as necessidades do agricultor em
desenvolver sua unidade produtiva com geração de renda, conservação e
recuperação ambiental.
Nos
dias 9, 10 e 11 de agosto foi realizado o Curso de Permacultura no campus da
UNESP Botucatu, no qual possibilitou que estas e outras questões relacionadas
com o modo de produção e manejo ambiental pudessem ser discutidas com
embasamentos teóricos na área de agroecologia e suas vertentes, como a
permacultura. O termo permacultura surgiu no final da década de 70 com os
cientistas australianos Bill Mollison e David Holmgren, mas somente na década
de 80 que o termo difundiu-se pelo Brasil. Um ponto importante no significado
da palavra, é que ao abordar o conceito de cultura, esta metodologia se propõe
a ser uma possibilidade de organização de diversas atividades humanas,
referentes à sua própria existência, tais como sua organização socioespacial
voltada para a agricultura. E ao utilizar a palavra “permanente”, remete a um
entendimento de sustentabilidade, com o intuito de manter por um maior período
a base de recursos necessários para a sobrevivência de futuras gerações.
A
parte teórica do curso contou com rodas de discussão, dinâmicas em grupo e até
um pouco de design em permacultura, onde a base de tudo é a observação da
natureza, e sua manipulação de forma natural.
Nas palavras de David Holmgren, “Um bom design depende de uma relação
harmoniosa e livre entre as pessoas e a natureza, na qual a observação
cuidadosa e a interação racional provêm a inspiração, o repertório e os padrões
para o design”. (HOLMGREN, 2002, p.13.) Como resultado desta “observação”, o
autor afirma que, enquanto a agricultura tradicional é intensiva em trabalho
humano e a industrial em energia fóssil, o design permacultural é intensivo em
informação e planejamento com foco no estilo de vida sustentável.

Responsável pelo texto:
Felipe Pinto Simão
Aluno de Graduação em
Ciências Biológicas